O Menino e O Abismo.

Era uma vez um jovem que era muito feliz e tinha muitos sonhos. Durante o passar dos anos de sua vida foi realizando um por um. Sempre foi muito agradecido por tudo, mas chegando sua vida adulta ainda faltava um muito especial para ele. Encontrar a companheira que ele tanto sonhou.

Certo dia, o destino fez sua parte e ele a encontrou. Foi pura magia, a partir desse dia ficaram juntos e a vontade de estar cada vez mais na companhia de sua amada só aumentava. O agora casal fazia muitos planos, partiram para algumas aventuras e viveram muitos momentos mágicos juntos.

Porém a vida pode realmente ser uma caixinha de surpresas e os momentos não tão bons, conhecidos também como dificuldades, volta e meia começaram a aparecer. O jovem, agora adulto já tinha realizado vários de seus sonhos e pensava que até mesmo se essa vida acabasse iria feliz e levaria boas recordações.

Juntos superaram vários desafios e visualizavam novos planos e objetivos. Se dedicaram para realizá-los, mas lá no fundo foram sendo esquecidos seus desejos mais intensos. Começou a dedicar todas suas forças para realizar objetivos que não alimentavam realmente seu espírito, que aos poucos foi enfraquecendo.

A falta de clareza nos pensamentos tomou conta de sua mente. Dúvidas, incertezas e dificuldades no dia a dia foram sugando suas energias e aquele jovem cheio de energia e sonhos se tornou um homem sem nenhum brilho no olhar.

Então em sua vida, ele começou a andar em círculos que em alguns momentos até chegavam a se tornar uma espiral. O que se convertia em uma ilusão de progresso e ainda pior, ele caminhava bem lentamente e sem perceber, para a beira de um abismo.

Sua caminhada ganhava cada vez mais um ritmo hipnótico até que certo dia entrou numa espécie de transe e ficando sonolento cambaleou e caiu no abismo. Ao cair, sentiu seu corpo flutuando no ar e num breve momento de lucidez olhou para cima e viu sua amada companheira acima, na beira do abismo. 

Como era de se esperar caiu lá no fundo do abismo e se percebeu todo quebrado numa escuridão sem fim. Todo seu corpo doía, não conseguia nem abrir os olhos quanto menos fazer qualquer tipo de movimento. Tudo naquilo era terrível. Achou que iria enlouquecer antes do momento de sua morte.

Entregue a essa situação, na sua mente a visão era de uma morte lenta, então o que lhe restava era pensar. E isso começou a se tornar insuportável pois a primeira imagem que veio na sua tela mental foi a de sua amada parada na beira do abismo e logo em seguida a conclusão lógica de que ela tinha o empurrado.

Ali sozinho todo quebrado no fundo do abismo nada mais fazia sentido. De olhos fechados só esperava o sopro da morte, mas eis que um belo dia sentiu um pingo de luz em seus olhos ainda fechados.

Aos poucos e com muita dificuldade foi abrindo levemente os olhos, se adaptando as novas informações e quando se deu conta ele não estava no fundo de algum tipo de poço, mas sim em um vale profundo, o que lhe proporcionou um mínimo de alegria.

Pensamentos contrários eram cancelados e começaram a ser substituídos por ideias úteis que lhe davam ânimo para desbravar o que tinha nesse mundo novo que se materializava ao seu redor.

A cada dia que passava conseguia observar com mais clareza a sua volta, sentia melhoras e uma nova força pulsava em todo seu ser. 

Iniciou planos para caminhar pelo vale, mirando o topo das altas árvores que se erguiam em direção ao sol que fazia seu trajeto leste – oeste todos os dias. Durante as longas noites iluminadas pelas estrelas, acompanhado pela luz divina voltou a sonhar.

Juntando seus pedaços recordou sonhos esquecidos, guardados bem no fundo de sua alma que retornava ao seu corpo juntamente com sua mente, que agora ele com muita dedicação tentava manter sob controle.

Um novo homem foi se firmando e agora contava com o tempo a seu favor. Fez bom uso dele para refletir durante sua caminhada pelo vale. Pelas forças da natureza foi inspirado e em um breve instante na sua tela mental viu novamente a imagem do momento que caiu no abismo, porém com outra perspectiva.

Através dos olhos dela observou que caiu num abismo criado por ele mesmo durante muitos anos devido ao distanciamento cada vez maior de seguir com seu propósito de vida. E outro detalhe muito importante percebido também: ela apenas se livrou de um corpo já praticamente sem vida, pois seu espírito já estava a caminho de outro plano.

Em sua caminhada olhou algumas vezes para cima, procurando a beira do abismo de onde tinha caído na esperança de reencontrá-la. As tentativas foram em vão. 

Isso o forçou a navegar por águas profundas e assim pode se conhecer ainda mais. Passou por novos caminhos e adquiriu um pouco mais de algo que só a própria vivência pessoal trás com o passar dos anos, sabedoria.

Hoje esse homem trilha um novo caminho, com muita gratidão. Tendo a oportunidade de agora reconhecer em si e assim começar a aprender a compartilhar do verdadeiro amor, que é aquele que não faz sofrer.

Com planos, metas e objetivos segue para realizar seus antigos novos sonhos. Tudo isso com muita firmeza, dando um passo de cada vez, agradecendo a todas as pequenas conquistas que fortalecem essa caminhada.

Mas também muito importante e fundamental, segue aceitando de braços abertos a possibilidade de sempre ser surpreendido pela criatividade do grande espírito, pelo sopro da vida.

Foto: Carlos Anselmo | Fotografia

www.instagram.com/c.anselmofotografia

Bio

Pra quem não me conhece meu nome é Davi Pimentel, conhecido também como Manipá. Nasci em 1980 e há muitos anos venho trilhando meu caminho no processo do autoconhecimento e desenvolvimento pessoal. Na minha caminhada se alternam passos onde o estudo foi feito de forma intuitiva experienciando a vida mesmo e também através dos livros, cursos e vivências, enfim, muitos anos transitando entre a teoria e a prática.

Pra mim, desde muito novo a natureza sempre foi uma grande professora, com toda sua força e beleza, seus elementos e formas, encantos e mistérios. Mas também sempre tive grande influência e incentivo na área artística vindo da minha família, minhas avós e minha mãe.

Iniciei meus estudos no autoconhecimento por conta própria uns 30 anos atrás, na minha adolescência, e meu primeiro contato com as filosofias orientais foi com o Budismo Tibetano. Nessa época eu trabalhava como office boy e já investia um pouco do que eu ganhava em livros em busca de informações relacionadas a esse tema.

Na sequência, no início dos anos 2000 tive meus primeiros contatos com as medicinas da floresta, mais especificamente com Ayahuasca e muitas portas se abriram. Sempre tive grande interesse em desenvolver meus processos criativos em estados expandidos de consciência. Essas experiências foram de grande valia, nessa época eu estava cursando a faculdade de Desenho Industrial na qual me formei, mas não cheguei a atuar na área.

Nesse mesmo período entrei em contato com o Yoga e o Hinduísmo, me dediquei bastante, fiz vários cursos de aprofundamento chegando inclusive a me formar instrutor. Dei algumas aulas, mas devido a necessidades da vida, o nascimento da minha filha, fui trabalhar como operador de vídeo numa emissora de tv, oportunidade que me trouxe grande aprendizado. Produzi programas de televisão, documentários e tive a oportunidade de viajar bastante e conhecer grande parte do litoral do Brasil.

Logo depois chegou pra mim o estudo da Teosofia, Doutrina Secreta de Blavatsky, conhecimento bem profundo e mais uma vez na parte profissional adentrei por outras portas, iniciando meu processo de aprendizagem como tatuador a convite de um grande amigo meu. O ano era 2005.

Hoje consigo perceber que foi aí que iniciei uma relação mais próxima com as Mandalas. Comecei a receber pedidos para criar Mandalas para tatuar, mas nessa época foi tudo muito intuitivo, desenhando na maioria das vezes com base em referências trazidas pelos próprios clientes.

A partir daí foram uns 10 anos que esse estilo de trabalho se tornou cada vez mais frequente e com mais complexidade na criação dos desenhos até que tive uma séria lesão no ombro que me impediu de exercer qualquer atividade com o braço direito e desencadeou um estado de depressão profunda.

Consegui me recuperar com muita fisioterapia que me levou a uma reconexão com a prática do Yoga. Meditação, visualizações e aos poucos as práticas das posturas, os ásanas me ajudaram muito. Nesse período iniciei meu contato com a Mecânica Quântica e também com o Reino Mineral.

Voltei a ter contato com as medicinas da floresta, iniciando agora os estudos diretamente com os povos originários e seus saberes, o que fez das vivências experiências cada vez mais profundas.

Durante a pandemia fiz curso de Permacultura, de produção de alimentos Orgânicos, de conexão e meditação com Cristais que me levou a produzir Orgonites e fiz também um longo e intenso curso de Aprofundamento em Yoga.

Atualmente continuo com minha principal ocupação o oficio de tatuador, o qual exerço a mais de 15 anos, onde é recorrente o meu contato com as Mandalas, padrões geométricos e Geometria Sagrada.

E agora, passando por mais um processo forte e desafiador nesse caminho do autoconhecimento, novamente recorri a arte, voltei a atenção para o que eu sei que me faz bem.

Conexões foram feitas e as informações estão chegando, abrindo um estudo teórico muito profundo sobre as Mandalas. O que são, para que servem, como funcionam e como podemos trabalhar em parceria com elas para nosso desenvolvimento pessoal?

E com essa ajuda recebida e aceita me concentrei nos estudos, buscando informações e sinto que posso entrar com segurança e responsabilidade nessa missão de compartilhar um pouco do que estudei até hoje. Teoria e prática juntas, para através desse universo infinito das Mandalas, reconhecer e adentrar nos nossos próprios mistérios e assim nos tornarmos pessoas melhores. Sempre bom lembrar que autoconhecimento gera auto responsabilidade.

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Gratidão e acompanhem as próximas atualizações!

Ulysses - Tribal Cicatrizado

Vamos por partes nessa postagem didática. As fotos abaixo foram feitas essa semana mas esse fechamento de braço, estilo tribal, foi finalizado tem mais de 10 anos. Então já tem um bom tempo de cicatrização. Nesse projeto tem duas grandes coberturas de tattoos antigas. Foi iniciado por outro artista, pela parte do bíceps onde tem uma cobertura de um bracelete. Pela falta de contato do cliente com o outro tatuador, peguei o trabalho em andamento e dei continuidade fazendo outra cobertura, acho que era uma águia com um sol, na parte do ombro. Só nessa parte foram duas sessões. A partir daí dei início ao antebraço, deixando um pouco mais de "pele" no projeto mas ao mesmo tampo sem perder o equilíbrio e a força que esse tipo de tattoo transmite. É isso, gosto é pessoal e valor é relativo mas tattoo boa é a que dura uma vida com qualidade. E ninguém é especialista de nada com dois ou três anos tatuando pois não tem noção de como seu trabalho vai envelhecer na pele do cliente com o passar do tempo. Agradeço a todos que acompanham e fortalecem a tattoo de verdade.

Marcus Vinicius - Cicatrizadas

Um pouco da coleção de tatuagens feitas para meu amigo Marcus Vinicius. Tudo bem cicatrizado. Não se deixe enganar por fotos de trabalho recém feito e com alto tratamento de imagens. Tatuagens devem ser feitas para durar uma vida. Agradeço a todos que acompanham e fortalecem meu trabalho! (A carpa do lado direito das costas foi feita pelo grande Cacau "Horihana").