quarta-feira, 31 de julho de 2019

Atualizando

Escrevi esse texto em meados do ano passado, atualizado hoje devido as últimas mudanças. São algumas reflexões, informações e atualizações. A quem possa se interessar.

Morei praticamente minha vida inteira na cidade grande. Dentro do sistema. Minhas raízes vêm do rock, do skate. Do punk rock, do asfalto. Mas também sempre tive grande afinidade com o reggae. Desde cedo tive contato com a natureza e o que mais me recordo são as temporadas de verão que passava com minha família na casa onde morei até maio passado.



Com o passar dos anos, sempre que possível passando bons tempos no litoral fui desenvolvendo uma grande ligação com o oceano, prestando atenção, tentando entender e aprender sobre o funcionamento dos fenômenos naturais.

O sistema, o caos, a babilônia. O natural, a fluidez, a liberdade. Isso sempre foi um grande contraste para mim.



Sempre busquei formas de me desvincular desse sistema 9 às 18. Tenho apenas um ano e meio de carteira assinada, da época que trabalhei como office-boy na administração do shopping Mueller nos anos de 1998 e 1999. Quando sai desse serviço peguei o seguro desemprego e fiquei três meses “morando” acampado no canto da Vó na Ilha do Mel.

Resumindo: com minhas raízes, valores, conceitos, estudos, pesquisas, experiências pessoais e até mesmo influências musicais não tenho como acreditar nesse sistema projetado e construído a muitos e muitos anos que tem como grande objetivo o empobrecimento cultural, financeiro e psicológico de muitos e o enriquecimento brutal e sem escrúpulos de poucos.



Em 2002 me formei em Desenho Industrial, mesmo ano que meu pai faleceu e um mês depois minha filha nasceu. Nos anos seguintes trabalhei nos bastidores de uma emissora de TV, depois com produção de vídeos e foi nessa época que entrei em contato com o Yoga, praticando bastante e participando de um curso de formação de instrutores.

Nesse período de produção de vídeos de esportes radicais, mais especificamente o Bodyboarding, acabei estreitando e fortalecendo a amizade com a pessoa que me deu a oportunidade de aprender, da maneira mais correta na minha opinião, o ofício de tatuador.


"Artfusion" com meu amigo Chris Name. 2013.
ft.: Camilo Donoso

Numa época em que ter tatuagem não era “cool”, coisa de pessoas “descoladas”. O mundo da tattoo não existia na grande mídia. Éramos minoria, muito preconceito e por incrível que pareça isso é coisa que ainda existe nos dias de hoje. Não tinha “estúdio de tattoo” em todas as esquinas, existia respeito e admiração por aqueles que vieram antes, os desbravadores desse caminho.

Porém o sistema é traiçoeiro, tem muitas armadilhas e tentações e é bem fácil se distrair do foco e se perder no caminho. Durante um bom tempo acabei seguindo e batalhando por objetivos e sonhos que não eram meus.
Mas tudo tem seu propósito.


"Estúdio grande". 2014. ft.: Nicolas Delavy


Pulando alguns anos e indo direto para 2015, me mantendo firme em meus princípios deixei para trás todo “glamour” de estúdio grande em Curitiba e aproveitando uma oportunidade fui morar com minha família em Barra Velha, uma cidade pequena no litoral norte de Santa Catarina, com o objetivo de poder vivenciar um estilo de vida mais simples.

Por um ano ainda mantive um espaço para tatuar em Curitiba e na praia peguei muita onda boa. Tive o privilégio de pegar todos os picos próximos de minha casa em condições épicas e na maioria das vezes apenas com os amigos. Surfei. Vivi o sonho. Céu.


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Porém os sonhos não duram para sempre e no final de 2016 tive uma lesão no ombro que desencadeou uma grave inflamação conhecida por capsulite adesiva ou síndrome do ombro congelado. Situação essa que me privou de fazer desde as tarefas mais simples como escovar os dentes até as coisas que mais gosto, como pegar ondas. Também me deixou impossibilitado de tatuar por um grande e sofrido período. Lesão, depressão, algumas vezes pensando em suicídio. Fundo do poço, escuridão total.

Precisei de muito apoio de quem estava próximo e muita força de vontade. Sem plano de saúde, sem cirurgia, foram quase dois anos de fisioterapia. Por necessidade física, voltei aos estudos e a prática regular de Yoga pois minha lesão é retroativa, se não manter o corpo em atividade a inflamação volta, podendo “adesivar” novamente toda a região do ombro e escápula. 


"Quem tá junto, tá junto"!

Nessa época sem muito trabalho aproveitei para estudar, evoluir. E o autoconhecimento leva inevitavelmente a expansão da consciência. Buscando informações voltei aos livros, referências, nomes e pesquisando na internet uma coisa vai levando a outra e as peças começam a se encaixar. Quem procura acha. E num choque de realidade, o buraco fica cada vez mais fundo e é necessário ter muita humildade para desaprender e reaprender.

Já tem muito tempo que venho pensando e conversando com amigos sobre isso. Acredito que precisamos ajudar as pessoas que se dão a opção da dúvida, a possibilidade de questionar suas crenças muitas vezes limitantes, de refletir sobre seus preconceitos e paradigmas. Para aqueles que querem acordar e sair do modo automático, atualmente temos muita informação e diversas ferramentas à disposição.

Não podemos nos omitir e na medida do possível, cada um dentro de suas possibilidades e com suas habilidades devem fazer sua parte e quem quiser estar junto, interagir em busca de evolução será sempre bem-vindo.


"Casa Amarela" - Sucos e Lanches Saudáveis.

Entre os dias de luta e os dias de glórias ficamos quase quatro anos morando na praia. No meio do período da lesão tatuei bem pouco e tivemos a oportunidade de nos dedicar a outras atividades. Recebemos muitas pessoas legais, alguns já “de casa” e outras amizades que foram feitas compartilhando bons momentos a beira mar. Mesmo não estando em contato direto, são amigos que podemos considerar para vida toda.

Em maio desse ano resolvemos voltar para a região de Curitiba, mais precisamente para Campo Magro estando novamente mais próximos dos familiares e da maioria dos clientes. Para o choque de realidade não ser tão forte optamos por um local sossegado, mesmo estando apenas 15 minutos de Santa Felicidade.


Nova fase. Novos projetos. ft.: Marcella Kaspezak.

Por aqui já estou com um espaço para atender os amigos e os clientes que já tem tattoo minha. E agora com a logística organizada estou revisitando os estúdios de meus amigos em Curitiba para ter também alguns dias da semana para trocar uma ideia com os novos clientes e aqueles que tem interesse em conhecer e saber como funciona meu trabalho.

Agradeço muito por ter tido a oportunidade de poder realizar um sonho antigo, morar de frente para praia com minha família, o que sem dúvidas foi uma época muito especial em minha vida. Fim de um ciclo para outro se iniciar. E agora volto firme as atividades e novos projetos. Em breve novidades. Fiquem ligados. Valeu!

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